No dia em que eu parti
saí ligeiro e partida...
larguei meus trens, meus trecos
e fui assim, sem despedida,
trazendo ainda uns troços
que carrego pela vida,
naquela mala enorme
tão vazia a chacoalhar:
alguns livros, poucas roupas,
uma lágrima perdida,
mil remorsos, curativos
prá limpar minha ferida
que nem sei se ainda consigo,
embora hábil nesta lida,
com tão poucos paliativos
refazer, cicatrizar...
Fiquei a divagar e
a relembrar os tempos idos
mas nem vi atentamente
com estes óculos partidos
pois sair pela metade é ,
além de dolorido,
um constante descobrir
que muita coisa eu larguei...
O corpo está comigo
meio sem vida e muito triste
recompõe-se devagar
mas se levanta, pois insiste
em achar a minha alma,
que na pressa te deixei!
( Desconheço o autor ) |
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